Demanda por guindastes AT permanece estável até final de 2023

Previsão de estudo é que as vendas para 2023 se mantenham nos mesmos patamares alcançados no ano passado, cravadas em 237 unidades

Os guindastes voltaram a ocupar posição de estabilidade nas vendas de equipamentos e assim devem permanecer por um bom tempo. Essa é a perspectiva do Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção, que aponta as vendas desses equipamentos para este ano em patamares equivalentes aos do ano passado, de 237 unidades, ante os 157 guindastes comercializados em 2021.

De acordo com Alex Xiao, presidente da Sany do Brasil, atualmente existe uma demanda por essas máquinas, principalmente os modelos All Terrain (AT), ou Todo Terreno, onde cada setor faz os seus investimentos com base em necessidades específicas. “Os projetos eólicos, por exemplo, começaram a se multiplicar no país a partir de 2019, obras que justificaram novos investimentos em equipamentos de elevação de carga de grande porte”, diz.

Os guindastes AT são considerados fundamentais para atender trabalhos de maior porte, como a montagem de pontes e em sítios de mineração. Esses equipamentos possuem estrutura preparada para trafegar tanto em rodovias como em terrenos acidentados, por serem dotados de sistemas de suspensão e direção preparados para essas circunstâncias.

De acordo com Xiao, hoje o mercado olha de maneira diferente para os guindastes AT de origem chinesa, principalmente porque os equipamentos orientais conquistaram a confiabilidade dos clientes brasileiros. “Primeiramente, em um patamar até 250 t e depois passando para máquinas de 300 t a 650 t. Atualmente, temos várias negociações em andamento para equipamentos de até 1 mil t”, conta Xiao.

Vale destacar que o mercado de locação responde por 90% a 95% das compras desse equipamento, segmento que normalmente tem maior proximidade dos locais onde as demandas ocorrem. “Os guindastes AT têm ótima mobilidade, com a possibilidade de esterçar praticamente todos os eixos. Assim, se posiciona de lado dentro da área de trabalho — o que é uma enorme vantagem desse tipo de máquina. Diferentemente do truck crane, possui suspensão hidropneumática, que junto do chassi mais robusto permite que a máquina ande com contrapeso”, explica Rene Porto, gerente divisional de guindastes móveis sobre esteiras e pneus da Liebherr Brasil.

Esse tipo de guindaste conta, também, com lança telescópica potente e longa que atinge grandes alturas de trabalho com rapidez e facilidade. “A flexibilidade é uma das características desses equipamentos. Com extensões de treliça, jibs dobráveis, treliçados fixos e basculantes, podem ser configurados para todas as aplicações em um curto espaço de tempo”, complementa Rene.

Mobilidade para diferentes locais

Segundo informações publicadas na Revista M&T – Mercado e Tecnologia, algumas regras estabelecem limites para o transporte de guindastes AT por rodovias, de modo a garantir a segurança de todos e possibilitar uma logística eficiente, tanto nas cidades quanto nas rodovias. “O Conselho Nacional de Trânsito (Contran), órgão responsável pela regularização no Brasil, publicou a resolução 882 estabelecendo os limites de pesos e dimensões para caminhões e ônibus também”, detalha Leandro Nilo de Moura, gerente de marketing da Manitowoc. Para os guindastes Todo Terreno, as regras incluem, por exemplo, peso por eixo de 12 t, comprimento de 14 m (podendo chegar a até 19,8 m), altura de 4,4 m e largura de até 2,6 m para faixas de trânsito regulares, entre diferentes outras medidas. Essas exigências começaram a valer a partir de janeiro de 2022.

No mercado brasileiro, os guindastes AT têm faixa de capacidade que vai de 40 t até 1,2 mil t. Além disso, estão disponíveis com quantidade variada de eixos. A máquina de cinco eixos está na faixa de 130 t até 250 t e a de seis eixos tem capacidade de 300 t a 400 t. Já as de sete eixos conseguem lidar com 450 t. Cada um desses equipamentos é mais indicado para certo tipo de aplicação. “Os modelos de três e quatro eixos são muito utilizados nos projetos rápidos em cidades e manutenções de edifícios que têm pouco espaço”, exemplifica Leandro Nilo.

Os guindastes AT de 40 t a 45 t são específicos para a remoção industrial e os trabalhos de manutenção indoor. Por ser uma máquina bastante compacta, consegue entrar onde os equipamentos médios não podem. Já os guindastes na faixa de 100 t (quatro eixos) são do tipo taxi crane, que executa diferentes serviços em locais bem variados. As máquinas de 220 t e 250 t trabalham bastante para a área de mineração, de óleo e gás e de infraestrutura.

Os equipamentos de 400 t são indicados para as paradas de manutenção em diversos tipos de fábricas, além de ser uma máquina empregada em serviços pesados de infraestrutura. E enquanto os guindastes AT de 500 t atuam nos setores de energia eólica e serviços de infraestrutura, assim como nas paradas de manutenção em refinarias e petroquímicas, os de 750 t a 1,2 mil t são mais utilizados na montagem e na manutenção de torres eólicas.

Alex Xiao, da Sany, reitera que os guindastes AT acima de 400 t são direcionados, principalmente, para aplicações de montagem de torres, geradores e pás em parques eólicos. “Devido à sua capacidade de carga excepcional, essas máquinas são essenciais para a instalação de componentes complexos, de grande volume e extremamente pesados. Em alturas superiores a 100 metros em grandes projetos de energia eólica”, explica Xiao, indicando que o setor energético é um grande consumidor dos guindastes AT que têm capacidade acima de 250 t — mercado que absorve em torno de 40% do volume de vendas desses produtos.

Essas máquinas são usadas em projetos de energia renovável, como a instalação de parques eólicos. Em seguida, com 30%, Xiao cita a indústria de óleo e gás para as atividades onshore, incluindo a montagem e a desmontagem de equipamentos de grande porte em canteiros de perfuração, produção e mineração. Em terceiro, mas não menos importante, o setor de infraestrutura e construção responde por 30% da utilização destes equipamentos, com destaque para a montagem de pontes, gruas e estruturas metálicas.

Por: Santelmo Camilo