Setores de mineração e construção querem aumentar contratação de mulheres

Setores de mineração e construção querem aumentar contratação de mulheres

Presença feminina tem crescido, mas de forma modesta e empresas dessas áreas continuam majoritariamente masculinas; meta na mineração é chegar a 34% até 2030

Numa rápida busca de dados sobre a participação feminina entre trabalhadores nos setores da construção e mineração, de tradicional hegemonia masculina, não é surpreendente observar a baixa presença das mulheres. Por exemplo, o 1º Relatório de Progresso do Plano de Ação de Avanço das Mulheres na Indústria de Mineração, realizado pelo movimento Women In Mining Brasil (WIMBrasil), aponta que somente 15% da força de trabalho na mineração brasileira é feminina.

A meta desse setor, contudo, é chegar a 34% no ano de 2030; número que aliado com resultados de pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) publicada no último 08 de março revela avanços na promoção de condições mais igualitárias entre homens e mulheres nas empresas do setor: seis em cada dez empresas têm políticas de promoção de igualdade de gênero.

Diante desse panorama e no intuito de difundir uma busca pela diversidade e avanços da inclusão feminina em setores predominantemente masculinos, a M&T EXPO promoverá um happy hour com o tema” Representatividade Feminina na Infraestrutura: reflexão sobre os desafios da igualdade de oportunidades”. O evento será realizado no dia 28 de março, às 17 horas, na sede do Instituto de Engenharia, entidade parceira da feira. Estarão presentes mulheres líderes do setor e precursoras da diversidade, que vão compartilhar suas experiências e perspectivas.

Encontros como esse precisam ser incentivados porque, se antes as mulheres reivindicavam reconhecimento, hoje a inclusão é prática obrigatória dentro das empresas que buscam adequação aos novos parâmetros de gestão e cultura organizacional. “A participação das mulheres e de outros públicos em minoria não está sendo viabilizada pela imposição, ela é fruto de um amadurecimento corporativo e das transformações da sociedade”, observa Thaisa Miyasaki, gerente de marketing da Messe Muenchen do Brasil, organizadora da M&T EXPO.

De acordo com Thaisa, embora as empresas do setor de infraestrutura ainda estejam longe de vencer a desigualdade de gênero, foram obtidos avanços significativos ao longo dos anos, com destaque para a capacidade técnica, força de trabalho e articulação das mulheres. “Essas mudanças estão impulsionando o progresso feminino no setor, onde já se notabilizam novas gerações de engenheiras, operadoras de equipamentos, gerentes comerciais e em diferentes áreas de gestão”, aponta.

Presença feminina sobe 50% na construção

Na construção civil, a presença feminina vem crescendo anualmente e de forma gradativa. Em 2021, por exemplo, o número de mulheres guindou em 50% e atualmente elas são mais de 200 mil profissionais ocupando cargos em escritórios de engenharia, indústrias e canteiro de obras, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego. No Brasil, foram criados vários projetos para qualificar a mão de obra feminina, como o Programa Mulheres Construindo Autonomia na Construção Civil, criado em 2012 pelo governo federal, no propósito de formar mulheres de baixa renda para a inserção nesse mercado de trabalho.

O terceiro setor também tem estimulado o ingresso de mulheres na construção. Das iniciativas criadas, destacam-se o projeto Mão na Massa, no Rio de Janeiro, e a ONG Mulheres em Construção, no Rio Grande do Sul, ambas com o objetivo de oferecer cursos de formação na área da construção civil, promovendo autonomia e empoderamento das trabalhadoras.

Um exemplo de quem conquistou espaço nesse setor é Tatiana Fasolari, vice-presidente da Fast Engenharia. Após assumir o negócio da família, a executiva trouxe um novo olhar para a empresa, voltada para overlays (montagem de grandes estruturas provisórias). “A luta para conseguir representatividade em um setor masculino não é fácil. Os resultados recentes do setor são animadores, porém não o suficiente, mas seguimos em busca de mais inclusão”, conjectura.

A empresa dobrou o seu quadro de mulheres totalizando 40 que possuem o salário igualitário ao dos homens. “Nosso time no Chile é praticamente de mulheres, entre elas engenheiras, gestoras e arquitetas. Buscamos sempre dar preferência para a mulher”, afirma.

Foco na capacitação técnica

No setor de mineração, a Metso Outotec conta com a profissional da área de segurança do trabalho, Franciely Santos, e a especialista em planejamento de manutenção, Jessica Gomes, ambas com experiência de campo, em contratos onde a empresa assume a operação e a manutenção dos equipamentos. Um deles é o da Mineração Morro do Ipê, que mobiliza uma equipe de cerca de 20 profissionais em quatro turnos diários para atender a complementação da britagem primária e do peneiramento na planta da mineradora de ferro.

“Além do treinamento e de conversas sobre segurança diárias, nós procuramos observar o humor dos profissionais que trabalham no projeto”, conta Franciely. A inteligência emocional, mais praticada pelas profissionais femininas, também contribui para criar um ambiente melhor de trabalho. “Quem está em campo, operando máquinas, não pode estar desfocado por problemas alheios. Os homens, em geral, têm mais dificuldade de reconhecer quando estão afetados dessa forma”, complementa.

Por sua vez, a ArcelorMittal reiterou a meta global de ter ao menos 25% de mulheres em posição de liderança até 2030. O desafio está colocado para todas as áreas e, atualmente, dos cerca de 14 mil empregados no Brasil, 17% de mulheres ocupam cargos de liderança no segmento de aços longos. No segmento de aços planos, esse número está em 16%, e na área corporativa subiu para 36%.

“Precisamos de mais mulheres em posições de liderança para termos novas perspectivas, outros olhares na tomada de decisão e gerar resultados sob novas visões. A transformação que nos propusemos a fazer no ambiente organizacional precisa ter reflexo positivo na sociedade”, diz Jefferson De Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos LATAM e Mineração Brasil.

Agende-se:

“Representatividade Feminina na Infraestrutura: reflexão sobre os desafios da igualdade de oportunidades”.
Data: 28 de março, às 17 horas.
Local: Instituto de Engenharia – Av. Dr. Dante Pazzanese, 120 – Vila Mariana – São Paulo/SP
Inscrições gratuitas Instituto de Engenharia

Por: Santelmo Camilo